sábado, 4 de abril de 2015

A importância da transferência

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REVISTA PSIQUE, EDIÇÃO 109 - 2015.
Durante o processo de análise, para alcançar a cura do paciente, o psicanalista deve adotar uma postura voltada à escuta, à compreensão e à empatia. É necessário entender o sofrimento, experimentá-lo, senti-lo em si, sem se deixar afetar, para não ocorrer a contratransferência

Por Conrado Matos


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Quando Freud se deparou com o quadro clínico da sua paciente Elizabeth Von R., ele induzia e falava, excessivamente, durante as sessões, tentando envolver a paciente a sua maneira de pensar. Parecia que Freud desejava que a paciente alcançasse uma cura, por meio de uma dependência, procurando se livrar das suas angústias. Freud, nessa época, ainda estava preso ao método sugestivo da hipnose.
Se um psicanalista deseja curar um paciente, acredito que seu maior desejo é a escuta, a compreensão e a empatia. É entender o sofrimento, experimentá- -lo, senti-lo em si, sem se deixar afetar, para não ocorrer a contratransferência esmagadora. “O desejo do analista é sentir, em si, o que o outro esqueceu” ( J. D. Nasio). Sendo assim, para Násio: “Toda a nossa dificuldade de psicanalista depende do êxito dessa operação mental, sem deixar-se perturbar com as emoções dolorosas de outrem”. Esse desejo analítico é a busca da cura. O psicanalista descreve para o paciente a cena vivida, transmitindo os traumas vividos, certificando que a dor presente é um símbolo de uma dor passada. Portanto, o desejo do psicanalista é a cura, mas, por via de um saber significante para libertação do trauma do analisando. Essa cura não se desenrola pela dependência desejosa do analista, mas por uma via empática e de grandiosa compreensão.
Freud foi pessimista quanto ao tratamento psicanalítico em pacientes psicóticos ou fronteiriços. Ele dizia que narcisistas não obtinham uma relação com o objeto, simplesmente rejeitavam- no. Claro que Freud esteve certo nesse aspecto, pois alguns analisandos narcisistas costumam desprezar o objeto, ou o psicanalista, e se introjetar em si mesmo, num mergulho destrutivo, podendo romper, abruptamente, com a análise. Com isso, acabam dificultando uma possível transferência eficaz durante o tratamento.
É preciso que exista, por parte do analisando, a transferência para um bom percurso da análise, mas teve quem defendesse um processo terapêutico, chamado de aliança do trabalho, que pode ocorrer no início e durante as análises. Esse processo terapêutico de aliança do trabalho foi praticado, por meio da Psicanálise clássica, do psicanalista americano Ralph Greenson. Ele falou, em sua técnica psicanalítica, que essa aliança contribuiria para o desenvolvimento de uma transferência eficaz, deixando o analisando produtivo e comprometido com o trabalho analítico. Seria, mais ou menos, como um Rapport, um enquadre, uma espécie de aliança, relação positiva, ou seja, aliança terapêutica, que foi praticada por outros psicanalistas. Embora Greenson apresentasse, nessa técnica, um enquadre para que o analisando pudesse suportar frustrações, vergonha e situações repugnantes que partissem do insight analítico, vindo dos sentimentos do analisando.
Essa proposta de análise, Greenson defendeu em sua obra, A Técnica e a Prática da Psicanálise. Ele atendia muitos artistas americanos, nos Estados Unidos.
Conheceu a filha de Freud, Anna Freud, e foi o psicanalista da famosa artista Marilyn Monroe, que praticou suicídio no período da análise. O profissional foi chamado para dar alguns esclarecimentos sobre a trajetória conflitante da artista. Marilyn Monroe nasceu em 1 de junho de 1926, em Los Angeles, e morreu em 5 de agosto de 1962.
Freud foi pessimista quanto ao tratamento psicanalítico em pacientes psicóticos ou fronteiriços. Ele dizia que narcisistas não obtinham relação com o obj eto, simplesmente rejeitavam-no. De fato, alguns deles costumam desprezar o obj eto, ou o psicanalista, e se introjetar em si mesmo, num mergulho destrutivo
Bion, Winnicott, Melanie Klein, Segal e Rosenfeld não viram dificuldade em atender e tratar psicóticos (esquizofrênicos, bipolares, narcisistas) e perceberam que estes analisantes, portadores de patologias graves, seriam possíveis de transferência. No caso de Rosenfeld, o mesmo tratou de diversos pacientes com esquizofrenia aguda e crônica. Os psicanalistas kleinianos tiveram êxito diante desses pacientes. Isso, embora recorressem a diversas formas de relacionamento na clínica psicanalítica, como empatia, compreensão e acolhimento. Talvez a falta da frieza excessiva, defendida por Freud, quanto à postura neutra do analista, por não ser praticada pelos psicanalistas kleinianos, possibilitava uma sessão analítica mais empática e com menos distanciamento do analista, contribuindo, dessa forma, para uma relação de transferência mais produtiva e positiva por parte dos seus analisandos. Aproximando muito mais o analisando psicótico do analista, deixando- o mais confiante e acreditando no processo de cura.

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