domingo, 18 de setembro de 2011

Distúrbio- Dormir para quê?

De acordo com especialistas, as pessoas privadas de sono demonstram dificuldade diante de tarefas que exijam atenção e concentração e suas habilidades motoras comprometidas

Texto retirado da revista Psique nº 68-2011. Clique aqui para ler a reportagem inteira!

Por Andreia Calçada e Fausto Ito

De fato, o sono representa uma necessidade fisiológica, e não um luxo, para qualquer pessoa que deseja viver com saúde, ser bem-sucedida e longeva. O sono desempenha um papel insubstituível na recuperação e preparo do corpo, do cérebro e da mente para garantir o estado de alerta e a produtividade no dia seguinte.

A máxima que ainda pode imperar nas mentes de algumas pessoas de que dormir cedo e acordar cedo torna o homem mais eficiente, rico, sábio e saudável, está completamente ultrapassada. Hoje, podemos afirmar categoricamente que o correto é dormir e acordar sempre no mesmo horário, desde que a quantidade e, principalmente, a qualidade das horas dormidas satisfaçam realmente a necessidade de sono de cada pessoa. Não importa quando vamos dormir e, sim, se este sono tem uma extensão reparadora.

Quando o sono é interrompido por diversas vezes por algum distúrbio durante a noite, ele não nos satisfaz e essa irregularidade afeta nosso metabolismo e ritmo biológico. Como consequência disso estão a fadiga persistente, sensação de sonolência excessiva e problemas de saúde geral.

Para melhorar a qualidade do sono

A privação ou o sono fragmentado podem provocar diversos males à saúde, especialmente em homens acima do peso e mulheres após a menopausa De acordo com o último levantamento sobre sono realizado pela National Sleep Foundation (NSF), este ano, devemos fazer do próprio quarto o melhor lugar possível para passarmos a noite. Aspectos como limpeza e conforto são fundamentais para garantir o sono com extensão reparadora. Colchões e travesseiros adequados são importantes para iniciar o sono, assim como a sensação confortável de lençóis e roupas de cama limpos são igualmente recomendáveis.

Temperatura agradável, ambiente livre de ácaros, silencioso e limpo desempenham um papel importante na qualidade do sono, assim como estabelecer um ritual relaxante antes de se deitar, como meditar, praticar ioga, escurecer o ambiente para torná-lo mais aconchegante e facilitar a produção da melatonina.

Para termos bons hábitos de sono devemos deixar as tecnologias distante da cama: TV, celular, videogames e internet devem ser evitados ou desligados pelo menos uma hora antes de dormir. Essas mudanças de atitude fazem grande diferença para quem quer melhorar a qualidade do sono, acordar revigorado e bem disposto no dia seguinte.

Os estados de sono e vigília são regulados pela atividade cerebral e comportamental, e são dependentes do equilíbrio mental e psicológico. Fatores circadianos (que envolvem o período de 24 horas) influenciam no seu ritmo. Os humanos apresentam um conjunto de ritmos circadianos, como ajuste de temperatura corporal, síntese de hormônios e alternância entre sono e vigília. Qualquer modificação no controle rítmico dessas variáveis fisiológicas promove um desajuste, podendo ocasionar efeitos adversos, como condições patológicas e envelhecimento celular. A privação ou o sono fragmentado podem provocar diversos males à saúde, especialmente em homens acima do peso e mulheres após a menopausa. Fatores como obesidade, sedentarismo e bebidas alcoólicas contribuem para minar a qualidade do sono e, consequentemente, de vida.

A privação ou o sono fragmentado podem provocar diversos males à saúde, especialmente em homens acima do peso e mulheres após a menopausa


Qualidade do sono

A obesidade aumenta o risco de a pessoa desenvolver doenças metabólicas, tais como os distúrbios respiratórios do sono

Ficar acordado por mais de 16 horas contínuas provoca uma diminuição drástica da atividade cerebral, levando a uma inevitável sonolência. Quando adultos saudáveis dormem menos que 5 horas por noite, o desempenho cognitivo reduz exponencialmente. Estudos comprovaram que menos de cinco horas de sono ao longo de uma semana já são suficientes para reduzir em até 50% a capacidade de dilatação dos vasos sanguíneos, provocando hipertensão e alteração dos impulsos elétricos que regulam os batimentos cardíacos, dando origem às arritmias. Esses problemas ocorrem devido ao estresse gerado pela quantidade de sono insuficiente que faz aumentar a produção dos hormônios cortisol, adrenalina e noradrenalina, os quais são vasoconstritores. Essas alterações metabólicas que ocorrem devido à falta de sono também podem provocar obesidade, porque diminuem a produção da leptina (hormônio da saciedade) e aumentam a da grelina, que estimula o apetite, sobretudo por alimentos calóricos, como doces e frituras.

A obesidade por si só é um dos maiores problemas de saúde pública da sociedade moderna e, principalmente, para quem sofre com os distúrbios respiratórios do sono. Em obesos com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 35 kg/m2, a incidência de apneia do sono chega a ser de 12 a 30 vezes maior quando comparada com pacientes com peso normal. Essas condições aumentam significativamente o risco de a pessoa desenvolver doenças metabólicas tais como diabetes tipo 2, dislipidemia, hipertensão, além de facilitar o desenvolvimento de doenças cardiocirculatórias como aterosclerose (depósito de gordura nas artérias), derrames (AVC) e enfarte do miocárdio.

• Sono e depressão •
Dificuldades para dormir ou insônia são associadas a episódios de tensão pontuais, preocupações do dia a dia e ansiedade. Porém, o distúrbio do sono pode estar relacionado a uma manifestação de alteração psicológica, doença psiquiátrica ou neurológica. Pessoas com quadro de depressão, por exemplo, possuem alteração considerável no sono. Mas, ao contrário do que se pensa, a depressão não leva à falta de sono prolongada por toda a noite. O sono geralmente chega em horários regulares e a pessoa tem o despertar precoce, por volta das quatro ou cinco da manhã, com dificuldade em conciliar novamente o sono a partir daí. Pela manhã, levanta fatigada e indisposta, com um mal-estar e falta de motivação que persistem por todo o dia. Pacientes com doença bipolar também relatam insônia quando se encontram com quadro de depressão ou ainda sintomas de hipersonia, com dificuldade de despertar e sonolência excessiva diurna.



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