Tique nervoso é muito mais que um cacoete
Ainda não se descobriu um remédio que acabe definitivamente com os sintomas dos cacoetes. Mas existe a possibilidade de, por meio de tratamento, se reduzir essa sintomatologia
Por Marta Relvas
Texto retirado da Revista Psique Ed. 82 - 2012 |
Ainda não se descobriu um remédio que acabe definitivamente com os sintomas. Mas existe a possibilidade de, por meio de tratamento, reduzir a sintomatologia.
Os tiques podem ser classificados em vocais e motores e variam entre simples e complexos. São eles: vocal simples (pigarros, estalar de língua, grunhidos e outros ruídos); vocal complexo (expresso por palavras fora do contexto ou palavras de baixo calão, denominado coprolalia); motores simples (piscar os olhos, repuxar a cabeça, fazer caretas) e motores complexos (pular, tocar pessoas e coisas, cheirar coisas e fazer gestos obscenos, denominado copropaxia).
PARA SABER MAIS Sinais e sintomas Vontade incontrolável de fazer movimentos ou sons repetitivos. Piscar os olhos repetidamente. Morder os lábios constantemente. Roer as unhas. Sempre começar ou terminar uma frase com a mesma palavra. Fazer grunhidos compulsivamente. Mexer nos cabelos sem parar. Para quem usa gravata: viver esticando o pescoço como se ela o estivesse enforcando. Coçar ou puxar o nariz, como se a coriza fosse escorregar. Arrumar o cinto a toda hora. |
Muitas das pessoas
que apresentam tiques nervosos têm sintomas de doenças associadas, tais
como transtorno obsessivo-compulsivo; transtorno do déficit de atenção;
e distúrbios do sono, entre outros
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Muitas pessoas têm sintomas de doenças associadas (comorbidades), tais como: transtorno obsessivo-compulsivo; transtorno do déficit de atenção; desenvolvimento de distúrbios de aprendizagem; problemas com controle de impulsos; e distúrbios do sono.
Importante saber que para ser considerada síndrome de Tourett e é preciso que coexistam os tiques vocal e motor, que eles não desapareçam em um ano e constem de um histórico natural de evolução dos tiques desde a infância. Por exemplo: se uma criança que tem esse transtorno/síndrome estiver ansiosa por algum motivo na escola, a ansiedade modulará a intensidade dos tiques, aumentando o grau e a intensidade dos movimentos involuntários.
● Interferência emocional ● Cacoetes são manifestações involuntárias, que podem ser motoras, sonoras ou de linguagem, e que acabam trazendo determinados desconfortos sociais para quem os possui e para o outro que percebe e convive. Muitas vezes, os chamados cacoetes tornam- -se motivo de chacotas na vida social. Pessoas portadoras desses sinais podem apresentar comportamentos mais introspectivos devido ao seu problema. |
O cacoete, geralmente, surge na infância, até os sete anos, e pode regredir com o amadurecimento
Para um tratamento adequado, o ideal é contar com psiquiatra,
neurologista, psicólogo, fonoaudiólogo e neuropsicopedagogo, pois a
visão multiprofissional com interesse nesses comportamentos pode ajudar a
modular a ansiedade dessa criança.A família e a escola juntas devem realizar um trabalho sobre os sintomas da síndrome logo que a criança manifestar tais sinais, que na grande maioria das vezes começam na infância e na vida escolar. A princípio, o cacoete se manifesta como um hábito aparentemente normal, depois torna-se constante e repetitivo. Alguns pais ou educadores acreditam que muitas vezes esses sinais passam com o tempo - o que pode ser considerado uma inverdade, pois isso pode esconder sintomas que precisam ser acompanhados. Por isso é fundamental reconhecer que quanto mais cedo se identifica, melhor ajuda se dará à criança. É importante que a criança tenha consciência, pois isso ajuda a dar conta do que acontece com ela. Uma coisa é certa: quanto mais reforçada a baixa autoestima relacionada a esse problema, mais ansiosa a criança pode ficar, então a intensidade dos tiques pode piorar.
Os tiques podem ser classificados em vocais e motores e variam entre simples e complexos
Considerados de fundo emocional, os cacoetes também podem advir deacidente vascular cerebral, traumatismo craniano ou, ainda, de causa neurobiológica, e trazem um profundo grau de ansiedade a quem os tem. O tratamento consiste na identificação dos gatilhos, hábitos e vícios que desencadeiam os sinais e sintomas (queixas e observações) e têm como finalidade oferecer pistas para um acompanhamento terapêutico, com a intenção de minimizar conflitos intrínsecos, extrínsecos e sociais que impliquem na qualidade de vida do indivíduo. Outras dicas podem contribuir para isso:
● Prestar atenção nos seus movimentos, para que ele deixe de passar despercebido.
● Quando se perceber fazendo o cacoete: parar na hora.
● Quando a pessoa domina a vontade, o cacoete deixa de ser involuntário. E assim, aos poucos vai realizando uma nova programação para o cérebro. Não é fácil, mas é possível!
Fonte:http://portalcienciaevida.uol.com.br/esps/Edicoes/82/artigo271900-1.asp
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