quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ciúmes!!!




Ciúmes patológico!

É nebuloso o que exatamente separa a patologia da normalidade. Para Sigmund Freud, o ciúme serve para convencer o parceiro de que é digno do amor a ele dedicado. Ou seja: está vinculado ao próprio narcisismo. Em seu ensaio Alguns mecanismos neuróticos no ciúme, na paranoia e na homossexualidade (1922), o criador da psicanálise estabeleceu três estágios: o normal ou concorrencial (no qual está presente uma dose de homossexualidade latente); o projetado (o próprio ciumento tem tendência a ser infiel e vê essa tendência no parceiro); e, por fim, o delirante (de teor paranóico). Trecho retirado da revista Mente & Cérebro, ed. 221, junho de 2011.

Por que o ciúmes esta ligado ao narcisismo?
Andréia Miglioranza Marin: Pois é algo que sempre remete a nós mesmos, e o narcisismo é isso, o amor a nós mesmos. Quando temos ciúmes, sentimos medo de sermos traídos, trocados ou não mais desejados, sempre remete a nós mesmos.

O que significa o ciúmes normal estar ligado a uma dose de homossexualidade latente?
Andréia Miglioranza Marin: Significa o tipo de ciúmes que temos por exemplo quando passa uma mulher bonita e olhamos e então acusamos o parceiro de estar olhando, ou então o ciúmes de alguma amiga que tem outras amigas e lhes dá atenção, nesses dois exemplos estão implícitas uma dose de homossexualidade latente, latente quer dizer inconsciente.

Explique o ciúmes projetado.
Andréia Miglioranza Marin: Primeiro devemos entender o que é projeção. Como disse no post de projeção da semana passada, projeção é um mecanismo de defesa onde aspectos pessoais como: pensamentos, sentimentos, emoções; são atribuídos a outra pessoa. Na projeção o indivíduo retira de si mesmo e põem no outro coisas que recusa em si, coisas intoleráveis ou inaceitáveis. Por isso a pessoa infiel acredita que o parceiro esta sendo infiel e isso aparece sob a forma de ciúmes. Para ler o post sobre Projeção clique aqui!

O que é o ciúmes delirante?
Andréia Miglioranza Marin: Quando cria-se situações que não ocorreram, mas a pessoa que o sente, o tem como extremamente real. Leia o trecho a seguir da revista Mente & Cérebro que citei acima:
O distúrbio é registrado no Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM na sigla em inglês), guia oficial de perturbações mentais, atualmente em sua quarta versão. Classificada na parte dedicada à esquizofrenia e outras perturbações psicóticas, a síndrome é denominada perturbação delirante de tipo ciumento. O diagnóstico, entretanto, não dá conta da diversidade de distúrbios: delírios de perseguição, obsessões, comportamento extremado e até mesmo psicopatia. Na maior parte das vezes, esses indivíduos apresentam grande imaturidade em suas relações e podem ter comportamentos agressivos, em geral associados ao consumo de álcool ou drogas ilícitas. Seu desejo de controlar a fidelidade do parceiro costuma ser extremado, levando-o a segui-lo, a se esconder para pegá-lo em flagrante, a remexer metodicamente seus pertences, a fazer inspeções corporais etc. Se o problema perdura, com frequência o fim é trágico, chegando a desdobramentos como assassinato do cônjuge, de filhos do casal ou de um dos parceiros e suicídio. Com frequência, a pessoa é violentamente refratária a qualquer tipo de argumentação e ignora as provas de inocência que venham a ser apresentadas, mesmo que irrefutáveis.

Andréia Miglioranza Marin: Recomendo o texto que citei que fala sobre a Síndrome de Otelo ou doença da suspeita, que refere-se ao ciúmes patológico, onde a pessoa acha constantemente que está sendo traída e começa a procurar provas de maneira obssessiva, a manisfestação da Síndrome de Otelo pode levar a fins trágicos.

Trecho da revista que fala sobre ciúmes: A vergonha de si mesmo leva ao desprezo do outro e, em seguida, à suspeita de infidelidade. As diferenças em um casal, sejam elas reais ou imaginárias, remetem, portanto, a uma falha narcísica no ciumento (em geral associada à imaturidade afetiva). O ciúme possibilita então que se neutralizem esses sentimentos negativos por si mesmo e seja preservada uma imagem conveniente de si, muitas vezes exagerada, o que confere uma postura de moralidade e retidão ao ciumento, convencido de que está empenhado em defender a própria honra.

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